A defesa de Saul Klein, herdeiro das Casas Bahia acusado de aliciamento e estupro, alega que as relações entre o empresário e as mulheres que frequentavam a casa dele eram consensuais. A afirmação é negada categoricamente pelas voluntárias que estão ligadas à denúncia e fizeram o acolhimento das vítimas.
Katia Rosa, psicóloga e líder da área de psicologia do Justiceiras, grupo que atende as vítimas, explica que havia um aliciamento das vítimas e nega a consensualidade das relações. “Todas as vítimas afirmam que não concordavam com nenhum tipo de ato sofrido. Todas as vítimas afirmam, pelo menos nas denúncias feitas a nós, que elas nunca concordaram com nenhum tipo de situação que elas sofreram. Que elas tinham extrema violência psicológica e que elas se sentiam coibidas, ameaçadas e amedrontadas. Caso elas não fizessem aquilo que era pedido, elas tinham muito medo daquilo que podia ser feito. Todas temem a figura deste homem.”
De acordo com a psicóloga, as vítimas tampouco tinham a liberdade de saíram do esquema quando queriam, como alega a defesa de Klein.
“Essas vítimas não voltavam conforme queria, elas eram aliciadas, elas eram chamadas a fazer fotografias para algum tipo de desfile, algum tipo de projeto de mídia, porque a maioria era ou modelos, todas meninas novas e bonitas. Quando elas chegavam para fazer algum tipo de teste, algum tipo de foto, elas eram convencidas a participar de festas e convites para eventos que ele fazia na casa dele. A partir de então, elas entravam em um forte esquema de efeito coibitivo”, explica.
Segundo Katia Rosa, a dependência psicológica fazia com que elas tivessem dificuldades de saíram do esquema. “O que leva elas a ficarem nessa situação é a dependência psicológica. A grave dependência psicológica que elas já começavam a sofrer a partir do momento que, infelizmente, entravam nesse esquema.”
A psicóloga ainda descreve que a situação das vítimas é frágil e, provavelmente, elas levarão anos para se recuperarem da violência sofrida. No entanto, a denúncia já é um passo importante.
“A partir do momento em que elas se unem de alguma forma para fazer uma denúncia, já é um primeiro e grande passo para a busca da retomada da saúde mental delas. Como líder nacional da psicologia, eu posso afirmar que todas estavam muito fragilizadas. Elas foram atendidas pelas voluntárias da psicologia e todas estavam muito fragilizadas, ainda estão. Mas, a denúncia já é o primeiro passo para a retomada da saúde mental, muito abalada. E essas moças, mesmo tomando esses primeiros passos, elas vão precisar de tratamento a longo prazo para que elas retomem a autoconfiança, a dignidade, a força do viver, do trabalho, do conduzir um relacionamento novo”, explica.
Katia esclarece que, se não confiassem no que dizem as vítimas, não participariam do acolhimento delas. O Justiceiras é um grupo de voluntárias que luta contra a violência contra a mulher. Há atendimento psicológico e jurídico para as sobreviventes.
A defesa de Saul Klein afirma que o empresário era um “sugar daddy”. Em nota à imprensa divulgada no último domingo, a representante jurídica do grupo, Gabriela Souza, nega que essa fosse a relação entre as partes.
Fonte: Yahoo