Canadá, Espanha, França, Suíça e Suécia tornaram-se no sábado (26/12) os mais recentes países a confirmar casos da variante mais contagiosa do coronavírus recentemente identificada no Reino Unido.
Dois casos foram confirmados pelas autoridades da Província de Ontario, a mais populosa do Canadá. Trata-se de um casal da região de Durham, a leste de Toronto, sem histórico conhecido de viagens nem exposição ou contatos de alto risco. Os pacientes já foram informados e estão em autoisolamento.
“Isso reforça ainda mais a necessidade dos cidadãos de ficarem em casa o máximo possível e continuarem a seguir todos os conselhos de saúde pública, incluindo as medidas de isolamento total em toda a província a partir de hoje”, disse a médica-chefe de Ontario, Barbara Yaffe.
As quatro infecções detectadas na Espanha — todas na capital Madri — estão relacionadas a viagens recentes ao Reino Unido, disse o vice-chefe de saúde regional, Antonio Zapatero. Três são parentes de um homem que voou ao país na quinta-feira (24/12) e a quarta dizia respeito a outro homem, que também tinha vindo de lá.
Nenhum está gravemente doente e “não há necessidade para pânico”, dise Zapatero. Ele acrescentou que havia mais três casos suspeitos, embora os resultados dos testes não ficarão prontos antes de terça ou quarta-feira.
A notícia dos casos na Espanha veio poucas horas depois de a França confirmar seu primeiro paciente infectado da nova variante. O Ministério da Saúde francês disse que a pessoa era um cidadão francês da cidade de Tours, que chegou de Londres em 19 de dezembro. Segundo a pasta, ele estava assintomático (sem sintomas) e isolado em casa.
Por sua vez, a Suíça identificou três casos, dois dos quais são cidadãos britânicos que estão no país. A Suíça é o único na Europa que manteve suas pistas de esqui abertas para turistas no período de Natal e Ano Novo, e milhares de britânicos chegaram nas últimas semanas.
Já na Suécia, a agência de saúde disse que um viajante estava doente com a cepa, mas o paciente está isolado desde que voltou do Reino Unido.
Com isso, nos últimos dias, subiu para doze o número de nações onde a nova variante já foi encontrada. Além destes cinco países e do Reino Unido, já há casos confirmados na Dinamarca, Alemanha, Itália, Holanda e Austrália. Na sexta-feira (25/12), o Japão confirmou cinco infecções em passageiros que chegaram do Reino Unido.
Os detalhes fornecidos há uma semana sobre a nova variante provocaram restrições a viagens vindas do Reino Unido em dezenas de países, inclusive o Brasil.
Os cientistas dizem que a cepa é consideravelmente mais transmissível do que as anteriores, mas não necessariamente mais perigosa para os infectados.
O que se sabe sobre a nova variante
A nova variante detectada foi pela primeira vez na Inglaterra em setembro de estaria por trás do forte aumento no número de infecções por covid-19 nas últimas semanas em Londres, no leste e no sudeste da Inglaterra.
Cerca de dois terços das pessoas que testaram positivo nessas áreas podem ter contraído a nova variante, estimou o Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS, na sigla em inglês) do Reino Unido, o IBGE britânico.
A nova variante atraiu a atenção dos especialistas por três motivos:
- Está substituindo rapidamente outras versões do vírus
- Tem mutações que afetam parte do vírus provavelmente importantes
- Em testes de laboratório, algumas dessas mutações para aumentar a capacidade do vírus de infectar células
Como resultado, o vírus pode se espalhar mais facilmente. No entanto, não há evidências de que a nova variante seja mais letal, e as principais vacinas desenvolvidas nos últimos meses ainda devem funcionar.
Reação internacional
Mais de 40 países proibiram todas as chegadas ao Reino Unido no início deste mês.
Os voos do Reino Unido foram suspensos para territórios em todo o mundo, incluindo Brasil, Espanha, Índia e Hong Kong.
Arábia Saudita, Omã e Kuwait foram ainda mais longe, fechando completamente suas fronteiras por uma semana.
Na quarta-feira (23/12), o governo brasileiro decidiu proibir temporariamente voos internacionais que tenham origem ou passagem pelo Reino Unido. A proibição começou a valer nesta sexta-feira (25/12).
No início da semana, o governo havia decidido manter os voos, mas informou que acompanhava a situação.
Fonte: BBC