A primeira mulher negra eleita vereadora na história de Curitiba, Carol Dartora, do PT, quer lutar para combater a violência contra jovens negros e também baratear o custo da passagem de ônibus em seu mandato na Câmara Municipal de Curitiba, que começa em 1º de janeiro de 2021. “Eu vou tentar denunciar ao máximo o preço da passagem de ônibus e lutar para que a gente tenha a diminuição do preço. Isso está muito pesado para a classe trabalhadora, ainda mais nesse momento de pandemia, de desemprego na cidade. O combate à violência contra a juventude negra também é uma urgência. Jovens negros morrem todos os dias em Curitiba e isso tem que ser melhor debatido e conversado. A gente tem que criar política para combater isso”, reforçou. Aos 37 anos, a professora do PSS na rede pública estadual garante que fará um mandato de “muita fiscalização e muita denúncia”. “Um mandato que vai tentar promover ao máximo a participação popular, além de construir e pensar projetos que representem todos os segmentos da população de Curitiba, que tem classe, que tem raça, que tem gênero”, avisou. Carol foi a terceira candidata mais votada para a Câmara da capital, com 8.874 votos. Ela é crítica do atual prefeito Rafael Greca (DEM), que foi reeleito, e se juntará à bancada de oposição na Casa. “O resultado foi um recado para a Câmara de Vereadores [de Curitiba], que é tão conservadora. A primeira mulher negra eleita da história é muito pouco, é só o começo. A gente não vai poder continuar falando em democracia sem superar essas exclusões históricas e essa classe conservadora vai ter que se dobrar para entender o recado”, disse Carol. A vereadora eleita ainda ressaltou a importância dos jovens nos avanços e mudanças da sociedade. “O debate está mais presente entre a juventude. Eles absorvem mais, são mais abertos para novas formas de produzir a vida. Em sala de aula eu sempre promovi esses debates. A minha principal proposta sempre foi promover reeducação social e a gente começou fazendo isso já durante a campanha, mostrando o que precisava ser mudado. Isso é promover um novo entendimento na sociedade”, afirmou. O resultado Após a expectativa com a demora na divulgação dos resultados, a candidata pôde comemorar a conquista do cargo por volta das 22h30 do último domingo (15). “Eu quase morri porque não atualizava. O sentimento foi de muita alegria. Eu estou muito feliz de perceber o quanto as pessoas se sentiram representadas. Tivemos muitas críticas porque denunciamos a todo tempo que Curitiba nunca tinha eleito uma mulher negra, mas esse entendimento chegou para quem tinha que chegar e se expressou nas urnas”, avaliou Carol. História no movimento Formada em História, Carol passou sua infância no São Braz e sua juventude na Vila Guaíra, sempre estudando em escolas públicas. Dentro de casa, cresceu sob influência dos pais, que já integravam o movimento negro e sempre levaram o tema para debate. “Eu nasci em uma família preta, e já me perguntaram muitas vezes se somos de Curitiba porque somos pretos. Esse sentimento de não pertencimento à cidade, essa violência racista que a gente sofreu sempre colocou minha família nesse debate. Quando eu me formei e comecei a dar aula, isso se tornou mais explícito e eu senti a necessidade de começar a atuar mais no sentido de expor essa violência e desigualdade”, revelou. Após anos atuando no movimento negro e na luta feminista, a também representante da APP Sindicato define o ativismo como o fator determinante para sua entrada na vida política. Segundo Carol, o debate conjunto sobre temas como direito à cidade, educação pública, exclusão racial e políticas pensadas para as mulheres fizeram com que a conquista do cargo fosse possível. “Isso fez com que fizéssemos, porque não fiz sozinha, história em Curitiba”, avaliou. Câmara de Curitiba Carol é uma dos 38 vereadores eleitos para a Câmara Municipal de Curitiba. Ela também está entre os 18 candidatos que vão fazer o primeiro mandato na Casa. Outros 20 garantiram reeleição. Fonte: G1
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