O senador Nelsinho Trad ( PSD ), atual presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, é cotado para assumir o ministério das Relações Exteriores do governo Bolsonaro. Caso se concretize, Nelsinho assumiria a pasta que atualmente é comandada por Ernesto Araújo, ministro considerado da ala ideológica do governo.
A leitura é que o atual ministro passa por um processo de “fritura” dentro do governo, devido aos seus posicionamentos principalmente em relação ao principal parceiro comercial do Brasil, a China. Araújo também foi muito criticado na questão da importação das vacinas da Índia .
Segundo o vice-presidente Hamilton Mourão, o governo federal poderá substituir Araújo após as eleições para a presidência da Câmara e Senado, marcadas para o dia 1º de fevereiro. Dessa forma, o nome do senador Nelsinho ganha força, com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, negociando o apoio ao candidato de Bolsonaro, Arthur Lira ( PP-AL ) em troca de ministérios no governo.
Ernesto Araújo
O atual comandante da pasta já entrou em rota de colisão com o embaixador Chinês em diversas ocasiões. Em março do ano passado, o filho do presidente Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, atacou o governo chinês no Twitter. Em reação, a embaixada da China no Brasil reagiu, também no twitter, afirmando “A parte chinesa repudia veementemente as palavras do deputado, e exige que as retire imediatamente e peça uma desculpa ao povo chinês”. Na ocasião, o ministro assumiu a defesa do filho do presidente, repreendendo o embaixador chinês. “É inaceitável que o embaixador da China endosse ou compartilhe postagem ofensiva ao chefe de Estado do Brasil e aos seus eleitores. As críticas do deputado Eduardo Bolsonaro à China, feitas em postagens ontem à noite, não refletem a posição do governo brasileiro. Temos expectativa de uma retratação por sua repostagem ofensiva ao chefe de Estado”, escreveu Araújo em nota.
No inicio da vacinação no Brasil, o país precisou importar insumos para produção de mais vacinas, o que supostamente foi dificultado pelo governo chinês. Segundo reportagem do jornal Gazeta do Povo, a demissão do ministro chegou a ser condicionada para que a China liberasse as exportações dos insumos.
Em reportagem ao jornal Correio do Estado, o senador avaliou a situação com o governo chinês comparando a relação entre países com relação entre pessoas.
“Caso você tenha um amigo e aconteça um atrito, isso logo terá como consequência um distanciamento, porém, isso não quer dizer que ele deixará de ser seu amigo. Ou seja, entre dois países é necessário um apoio, uma visita diplomática, planos para aumentar ações econômicas, entre outros, para estreitar esses laços.
Porém, o que vem acontecendo em nossas relações com algumas nações é que muitas figuras do governo federal estão alinhadas ideologicamente com uma figura de posicionamentos fortes, que é o ex-presidente norte-americano Donald Trump. Os Estados Unidos têm seus interesses, e devemos ser inteligentes para traçarmos os nossos”, disse.
Para o senador, a dificuldade da importação dos insumos, não foi devido ao posicionamento do atual ministro, mas que um bom relacionamento com o governo chinês poderia ter facilitado a importação. “Eu acredito que o mercado também possa ter influenciado esse atraso, porém, um bom diálogo sempre abre portas. Estreitar laços com países pontuais para nossos interesses, como China e Estados Unidos, serve para que possamos sair na frente de outras nações e conseguirmos melhores negócios. Nesse caso, ajudaria na questão das vacinas”.
*Com informações do Correio do Estado