Por: Francisco Mineiro
Neste ano de 2021, completaram-se oitenta anos da criação do Ministério da Aeronáutica, em janeiro de 1941. Criado pelo Presidente Getúlio Vargas, unificou a Aviação do Exército e a Aviação Naval, retirando-as do Exército e da Marinha e acumulou ainda a fiscalização das atividades civis de aviação.
A cidade de Campo Grande, capital militar do Oeste, tem uma Base da Força Aérea Brasileira e sedia, ainda, um Batalhão de Aviação do Exército. Em Corumbá, a Marinha mantém um Esquadrão de helicópteros. Por que as Forças Armadas têm máquinas voadoras?
A possibilidade de ver e atacar o inimigo de cima sempre foi vista como uma vantagem pelos militares. Lendas indianas falam em carros de guerra voadores, chamados “vimanas” na língua sânscrita. O gênio Leonardo da Vinci imaginou um aparelho voador e um paraquedas. Mas somente ao final do século XVIII que a tecnologia dos materiais permitiu a construção de aparelhos capazes de transportar pessoas pelo ar, com a invenção dos irmãos Montgolfier.
Já em 1867, no contexto da Guerra da Tríplice Aliança, o Duque de Caxias contratou balões de engenheiros norte-americanos para realizar observações do ar. Fazendo a guerra em terras desconhecidas, o objetivo era ver o inimigo e mapear o terreno à frente.
No início do século XX, em 1906, Alberto Santos Dumont desenvolveu uma máquina voadora com propulsão própria, o avião. Em poucos anos, o sensacional invento facilitou o trabalho dos correios, das empresas… e dos soldados.
A Primeira Guerra levou ao aprimoramento do avião como arma, usados para ataque com metralhadores e bombardeio de alvos no solo, além do combate a aeronaves inimigas.
No Brasil, em 1914, surgiu a Escola Brasileira de Aviação, numa parceria entre o Ministério da Guerra e uma empresa privada. Funcionava no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro. Com a Primeira Guerra Mundial, a Escola fechou e suas instalações permaneceram com o Aeroclube Brasileiro. Em 1919, no mesmo local, foi criada a Escola de Aviação Militar, sendo também criado o Serviço de Aviação do Exército. Lá foram formados pilotos e mecânicos militares, que acompanhavam a evolução da tecnologia aeronáutica e a aplicavam na Aviação do Exército. Foi marcante a criação do Correio Aéreo Militar, em 1932. Esse serviço ligava as diversas regiões do Brasil, numa época em que não existiam rodovias, mas precárias estradas de terra.O nome mudou para “Correio Aéreo Nacional”, mas a gestão e operação continuam com a Força Aérea.
Foi sob a égide do Ministério criado em 1941 que os aviões e pilotos brasileiros escreveram um belo capítulo da Segunda Guerra Mundial. A atuação do 1º Grupo de Aviação de Caça e da Esquadrilha de Ligação e Observação na Itália até hoje é rememorada.
Mesmo sendo um país pacífico e que cultiva boas relações com todas as demais nações, o Brasil precisa ter Forças Armadas que garantam suas decisões soberanas. Por isso,mantém uma Força Aérea considerada a 1ª da América Latina e 16ª do mundo.
A principal vertente da Força Aérea Brasileira é a combatente, com aviões de caça, bombardeio, reconhecimento, transporte, helicópteros, salvamento e resgate. Mas Força Aérea Brasileira ainda gerencia atividades de Pesquisa e Desenvolvimento, formação e aperfeiçoamento de pessoal, atividades de Assistência Social, além do complexo e vital Controle do Tráfego Aéreo. Um dos mais importantes cursos de Engenharia do mundo é o Instituto Tecnológico da Aeronáutica do Brasil.
As pessoas de remotas áreas de nossas fronteiras, Amazônia e Pantanal tem sua vida facilitada, ou até salva, pelos diversos serviços sociais e de transporte realizados pela FAB. Apesar do progresso das comunicações, o Correio Aéreo Nacional continua a fazer a diferença nos rincões de um Brasil tão grande e tão desigual.
Com a criação do Ministério da Defesa, em 1999, os encargos do antigo Ministério da Aeronáutica passaram para o Comando da Aeronáutica, sem o mesmo “status”, mas continuando a servir o Brasil e os brasileiros com a mesma dedicação, energia, seriedade e eficiência.
Nossa saudação aos companheiros da Arma alada.
Até a próxima, amigos.
Imagem: Aeronave da FAB resgata índia do Tumucumaque, Amapá, picada por serpente, em abril de 2018.