A psicanalista Samiza Soares, alerta que a pandemia trouxe uma reflexão, que também existe a morte de planos e sonhos.
A especialista afirma que esse grande número de mortes em decorrência da covid-19, tem nos gerado angústias e incertezas, ficando a incerteza de onde encontrar forças para continuar a própria caminhada, afinal, a morte não decretou o fim de tudo, precisamos juntar forças e aprender a lidar com perdas de pessoas que amamos”, comenta.
“É um processo extremamente particular e muito doloroso, ninguém o sentirá da mesma maneira, no sentido de demonstração, reações e emoções, pois cada um manifesta seu sofrimento de forma diferente para encontrar um alívio, estar perto já é algo importante para quem sofre, respeitando também os momentos em que a pessoa quer estar sozinha”, afirma a terapeuta e psicanalista amazonense Samiza Soares.
Chegará o estágio de aceitação, e é crucial que não se confunda aceitação com esquecimento. O sentir se modifica, mas não se esgota, não é incomum que acontecimentos resgatem sensações que se julgavam superadas. Datas específicas, imagens, lugares, cheiros, músicas… tudo pode gerar uma lembrança afetiva, capaz de restaurar sofrimentos, porém, isso não significa um retrocesso. É apenas testemunho de que o amor que sentimos não foi esquecido”
De acordo com Samiza, devemos viver o luto pois, é uma reação sadia, ainda que dolorida.
“Preserve a saudade, ela não deve morrer, mas sua representação se transforma, pois, diante do impacto da perda, a saudade dói constantemente, e ela vai sendo redimensionada, o aperto no peito, a angústia e o vazio podem ser substituídos por lembranças que oscilam entre o sentimento de falta e o carinho pela pessoa que se foi”, afirma.
“Os objetos fazem parte da memória e, claro, nos ligam ao falecido, mas, é importante ter o momento de despedida, pois um quarto inteiro sem ser mexido depois de um tempo passa a não ser mais saudável”, aponta.
“A busca por apoio terapêutico, é muito importante, e não deve ser entendida como a procura pelo fim do sofrimento. A dor do luto não é um transtorno mental que precisa ser curado ou medicado. O luto precisa ser vivido. E o papel do terapeuta é auxiliar a travessia, um auxílio para encontrar aos poucos, meios para nos adaptarmos”, afirma a psicanalista Samiza Soares.
A terapeuta complementa, “a minha reflexão aqui deixada, não se trata de dar receitas – Trata-se de abrir espaço para reflexão, pois, cada pessoa encontrará sua trajetória de aceitação do luto. Não existem fórmulas”.
“Se nesse momento você está sofrendo com a morte de alguma pessoa querida, te convido a parar um instante e fazer uma prece por essa pessoa, pode ser um Pai-Nosso, a oração que o próprio Jesus nos deixou. Acredite, vai fazer muito bem ao seu coração”, finaliza.
Carreira: Além de oferecer o trabalho especializado com atendimentos on-line e presencial, Samiza também é uma referência na internet, possui mais de 40 mil seguidores no Instagram, ela faz postagens diárias sobre as questões do dia a dia. (@samiza)