Por Rubenio Marcelo
Natural do estado de São Paulo, onde residia, ele veio a Campo Grande no final de 2004, para prestar concurso da UFMS, no qual foi aprovado. Assim, a nossa Capital Morena e o Estado de Mato Grosso do Sul ganhariam um dos principais violonistas da contemporaneidade: Marcelo Fernandes Pereira. Doutor em música pela USP, renomado concertista, com aplaudida carreira internacional, atualmente coleciona inúmeras premiações pela sua arte. Integra o quadro docente da Universidade Federal/MS desde 5/01/2005. Também é regente da Camerata Madeiras Dedilhadas, orquestra que harmoniza o timbre do violão com outros: como o clarinete, a flauta e o fagote, em obras barrocas e clássicas. Dinâmico participante do movimento artístico, identificado com ideais de vanguarda, Marcelo Fernandes é autor de vários projetos e produções culturais na sua área instrumental. Entanto, aqui tecerei considerações especialmente acerca do seu compactdiscb “Música Latino-Americana para Violão”, lançado pela Fundac com apoio cultural da UFMS.
Composto por 22 faixas selecionadas, o CD apresenta repertório assim distribuído: obras brasileiras originalmente escritas para violão solo; quatro canções que evocam MS; e obras latino-americanas de compositores de língua espanhola. No primeiro bloco, temos seis faixas: ‘Estudo nº 6’, de Francisco Mignone; ‘Valsa-Choro’, de Camargo Guarnieri; ‘Estudo nº 10’ e ‘Prelúdio nº 4’, de Villa-Lobos; ‘Vê Se Te Agrada’ e ‘Sinhazinha’, de Dilermando Reis. No segundo, temos: ‘Comitiva Esperança’, de Almir Sáter e P. Simões; ‘Fala Coxim’, Zacarias Mourão e Goiá; ‘KilometroOnce’, de Transito Cocomarola; e ‘Merceditas’, de Ramón Sixto. E doze faixas perfazem o terceiro bloco: ‘Endecha’ e ‘Quirpa’, do venezuelano Vicente Sojo; ‘Canción’, do venezuelano Antonio Lauro; ‘Tamboriles’ e ‘Campo’, do uruguaio Abel Carlevaro; ‘Norteña’, do argentino Jorge Crespo; ‘Como Um Fueguito’, da boliviana Matilde Casazola, arranjos de Marcos Puña; ‘Evocacion’, do colombiano Clemente Diaz; ‘Danza Característica’, ‘Lento’ e ‘Obstinado’, do cubano Leo Brouwer; e ‘Estrellita’, do mexicano Manoel Maria Ponce.
Ao sabor de choros, valsas e outros gêneros, sobreposições de ritmos e criativas releituras, todo o conjunto deste cedê de violão solo proporciona natural deleite ao tempo em que nos faz palmilhar trilhas do regionalismo e também viajar pelas searas universais do lirismo e das reminiscências. Em cada faixa pulsa a mais pura expressão da arte musical nas cordas dedilhadas deste instrumento tão belo e tão íntimo de Marcelo Fernandes – os dois (violonista e violão), quando interagem, integram-se e unificam-se instintivamente em perfeita sintonia com as musas… dedos e cordas instauram um singular ritual de beleza sonora em progressões harmônicas, transportando os privilegiados ouvintes às paragens edênicas da primazia artística.
“Marcelo Fernandes se há manifestado em todos sus trabajos como um guitarrista de excepción por sus excelentes condiciones e su capacidad artística”, assim afirmou o renomado violonista e professor Abel Carlevaro, mestre com quem o nosso solista estudou no Uruguai. Realmente, eivado de virtuosismo, o talentoso Marcelo Fernandes exercita a arte violonística com refinamento e celebra a expressão musical em sua plenitude, quer nos ambientes acadêmicos, quer nos palcos populares, quer nas eruditas salas de concertos do Brasil e do mundo, norteando assim a sua trajetória com destacada visibilidade. Enfim, Marcelo é um dos grandes do violão no nosso país.