Praticar trekking é simples, mas requer muita disposição e força de vontade
Reinaldo Adri
Disposição. Essa é a palavra-chave para quem quer se aventurar a fazer qualquer trilha pelo Brasil ou pelo mundo. Andar, subir, descer (que muitas vezes é mais difícil do que subir), atravessar a correnteza de rios e enfrentar mosquitos famintos é alguns dos percalços do aventureiro. A recompensa vem ao poder admirar muitas das paisagens mais bonitas do Brasil ou do mundo.
As populares trilhas (trekking), também conhecidas como caminhadas ou caminhadas de longo curso, são quase tão antigas quanto a própria humanidade. É difícil dizer quando começou a existir para diversão ou como forma de exploração turística, mas indícios especulam que isso tenha ocorrido no final de século 19 em várias regiões do planeta, especialmente na América do Norte e Europa. Quando o passeio leva apenas algumas horas ou não chega a passar de um de um dia, recebe o nome de hiking, embora o termo trekking para esse caso não esteja errado.
As trilhas mais famosas do mundo hoje são a GR20 (França), a trilha Inca (Peru), Overland (Austrália), trilha do Himalaia (Índia), Routeburn (Nova Zelândia), a Narrows (EUA) e a Haute-Route (França e Suíça).
No Brasil, ainda não existe caminhadas de longo curso nos modelos de outros países, onde a conclusão do trajeto pode levar meses. Por outro lado, existe uma infinidade de trilhas mais curtas (de até 150 km). Os locais mais procurados são o Parque Nacional de Itatiaia, a Chapada Diamantina, Chapada dos Viadeiros, Serra dos Órgãos, Serra do Cipó e Serras Gerais, entre outros.
O trekking pode ser considerado uma atividade simples. Por isso, poucos são os itens obrigatórios para segurança e não há necessidade de treinamento prático. Uma pequena explicação sobre o percurso e algumas advertências normalmente são dadas aos caminhantes antes de iniciarem a viagem. Outros cuidados dependem do clima. Algumas recomendações, contudo, são universais:
Sempre esteja acompanhado de um guia. É imprescindível que você siga as instruções de seu condutor. Ele conhece todos os detalhes do trajeto e sabe como o caminho pode ser feito da maneira mais segura.
Use roupas adequadas. Geralmente, o ideal são camisetas e shorts, ou calças esportivas, e o uso de bonés ou chapéus para proteger do sol. Evite cores mais escuras porque essas são mais quentes e podem atrair mosquitos.
Utilize calçados apropriados. Esses calçados podem ser tênis ou botas especiais para caminhadas (botas trekking). O importante é que eles tenham solas antiderrapantes para evitar escorregões nas descidas ou em terrenos molhados.
Nunca se separe do grupo. Às vezes não resistimos à tentação de ficar tirando algumas fotos a mais quando o resto da turma já está seguindo em frente e os perdemos de vista. Muitas vezes, o guia pode não perceber que está faltando alguém e o reencontro pode demorar, atrasando a todos.
Conheça seus limites pessoais. Caso perceba que não vai conseguir completar o trajeto ou esteja sofrendo de algum mal-estar, comunique ao condutor a situação imediatamente. Ele é treinado e tomará as medidas necessárias para lhe tirar do local.
Respeite a natureza. Não deixe objetos nem queira deixar marcas pessoais no percurso. Procure fazer silêncio e contribua para que o local onde esteja continue preservado.
Caso a caminhada seja longa e demore alguns dias, você deve levar alguns equipamentos especiais para serem usados individual e coletivamente. Alguns são bem óbvios, mas muitos acabam se esquecendo.
Existem dois tipos de mochila para trekking. As de ataque, menores, são usadas apenas em pequenas caminhadas para levar o que é estritamente necessário. Já a mochila cargueira é bem maior, com capacidade em média superior a 70 litros, usada em caminhos maiores para transportar coisas que também vão fornecer algum conforto durante a aventura. O condutor costuma auxiliar o aventureiro na hora de ajeitar os objetos na mochila. O peso da carga não deve exceder muito a média de 17 kg para homens e 12 kg para mulheres.
Dentro das mochilas deve haver, dependendo da caminhada, agasalhos, sacos de dormir, lanternas, canivete, recipiente para água, itens de higiene e cozinha (para garantir as refeições), meias para troca, barracas (se demorar mais de um dia), repelente, equipamentos de comunicação e kit de primeiros socorros. É interessante também haver uma capa para proteger a mochila da chuva.
Pesquise as trilhas que mais lhe agradem e busque informações com as empresas encarregadas do passeio. Se houver mais de uma prestando o serviço, pode ser que haja diferenças grandes de preço.